quarta-feira, 8 de abril de 2009

Santorini, finalmente!

Regressámos novamente a Atenas depois deste fim-de-semana prolongado em que fomos até Santorini.

Confesso que para quem como eu estava bastante entusiasmado sobre o que iria encontrar na ilha, o resultado final acabou por ficar um pouco aquém das expectativas.

Tenho a noção clara que o facto de termos ido antes da Páscoa ortodoxa grega (que se inicia a 17 de Abril, uma semana após a Páscoa católica), com a maior parte do comércio ainda fechado e o facto das condições meteorológicas não terem sido as melhores terá porventura contribuído para este resultado.

Mas sinceramente acho que não foram apenas estes factores que acabaram por me criar esta sensação de um certo desapontamento. No geral esperava que Santorini estivesse á altura dos seus apregoados pergaminhos de ser um dos mais bonitos locais da Grécia. Aquilo que encontrei (pelo menos em parte) não me faz estar de acordo com essa visão.

Alguns pontos da ilha, a começar pela capital, Fira, são extremamente desorganizados, e nota-se uma falta geral de cuidado na manutenção dos edifícios, dos parques, das ruas. A limpeza deixa bastante a desejar, e as estradas estão em más condições, há entulho (resultante das obras) pelas escarpas abaixo. Sobretudo nota-se falta de cuidado em manter os espaços arranjados e cuidados.


Mas para nos abstrairmos desses aspectos e aproveitar ao máximo a estadia, o melhor é mesmo sair rapidamente de Fira e então Santorini é sem dúvida um local especial, fruto das condições geográficas que formaram o desenho actual da ilha que tem a forma de um feijão, com o vulcão no centro. Aliás este é o tema principal de Santorini, estando praticamente toda a oferta turística centrada em torno dele.

O nosso apartamento estava situado em Firastefani nas escarpas que dão para a caldeira. A vista era óptima, como se pode verificar...

Antes de mais, comecemos por onde comer, (este é sempre um aspecto a ter durante uma viagem, e nada despiciendo em qualquer roteiro turístico que se preze). Começo por recomendar a taverna Kalisti de Nektarios Kalisti em Pyrgos – talvez a melhor que já apanhei aqui na Grécia.

Embora o aspecto exterior não seja famoso, aqui podem experimentar-se vários pratos locais (a gastronomia de Santorini é famosa), como por exemplo fava (uma espécie de pasta de favas com cebola), tomatokeftedes (tomates fritos), a famosa salada de santorini, etc, todos eles extremamente bem confeccionados. Recomendo ainda o carneiro com limão. Estava uma delícia …!

Para além disso, o dono fala várias línguas (até espanholês, aquela mistura entre espanhol e português, que encontramos em tantas partes do mundo – incluindo Portugal …!), o que facilita bastante a comunicação. Boa comida, boas condições de higiene, e preços muito razoáveis. Vale mesmo a pena ir até lá e experimentar.

Em Oia estivemos também num outro restaurante ("Terpsi"), com uma vista fascinante sobre a caldeira, onde almoçámos no dia da partida. Infelizmente o tempo não estava de feição, mas pelas imagens que seguem dá para ficar com uma pequena ideia da vista que tinhamos:

Mas como o nosso objectivo era visitar a ilha e não fazer apenas um fim-de-semana gastronómico o tempo em que lá estivemos permitiu-nos visitar quase tudo o que pretendiamos(com excepção do vulcão). Duas noites (3 dias) são tempo mais do que suficiente para conhecer razoavelmente bem os pontos principais da ilha.

Santorini é uma ilha conhecida não apenas pelo seu turismo, mas também pela qualidade de alguns dos produtos agrícolas que produz como a fava ou o tomate, e sobretudo pelos seus vinhos de grande qualidade, resultantes das características únicas da ilha (para além dos fortes ventos e das condições geológicas derivadas do vulcão, não existe água potável, tendo dependido durante muitos anos apenas da água das chuvas; Hoje em dia para além de serem abastecidos de água pelo continente, também adoptaram o sistema de dessalinização da água do mar, sobretudo para efeitos de higiene e regas).

Por essa razão, as uvas produzidas localmente são mais pequenas do que o habitual e muito mais doces. Um dos vinhos mais famosos produzidos localmente é o VinSanto, um vinho doce que se bebe como digestivo. Para conhecer os aspectos relacionados com a produção de vinho em Santorini, nada como efectuar uma visita guiada a uma das diversas destilarias existentes.

Decidimos ir conhecer a SantoWines winery, ou seja a cooperativa dos produtores vinícolas de Santorini, e tendo aproveitado uma das visitas com guia, deu para aprender bastante sobre a produção de vinho na zona.





Além disso as novas instalações da cooperativa, construídas na década de 90 tem um terraço com uma vista absolutamente fantástica sobre o vulcão, que vale mesmo a pena ver e desfrutar:

Um outro local da Ilha a visitar é sem dúvida, mais a sul a Red beach. O vermelho da paisagem juntamente com o azul esverdeado do mar, formam um conjunto único.

Curiosa é também a Black beach em Perissa (uma praia de areia negra devido ao vulcão. É uma praia com características únicas. No entanto quando lá estivemos pareceu-nos que estaria a precisar de alguma manutenção e limpeza …

Nos dias em que passámos em Santorini, percorremos toda a ilha de uma ponta a outra (o que não é difícil pois não é muito grande), e visitámos outras zonas. Mas de toda a ilha, a parte que mais gostámos foi sem dúvida Oia. Não obstante muitos estabelecimentos comerciais estarem ainda encerrados foi ai que encontrámos a imagem de Santorini que todos nós temos presente no nosso imaginário.

Na zona do castelo em Oia é frequente juntarem-se grupos de turistas para ver o por do sol. Quando lá estivemos o tempo não estava ainda totalmente aberto e o melhor que conseguimos foi isto:

No entanto os especialistas na matéria dizem que na época alta é absolutamente espectacular. Fica aqui uma outra foto (mas não tirada por mim) para ilustrar o que se pode encontrar sobretudo no Verão

No entanto sem querer ser demasiado nacionalista, também acho que em Portugal temos pôr-do-sol fabulosos, que não ficam muito atrás destes …

Após a nossa visita, (em que andamos desalmadamente a subir e a descer degraus!) nada como parar um pouco para repousar. Assim fizemos e decidimos descansar num pequeno bar/restaurante chamado "Lotza"

Em boa hora o fizemos pois enquanto saboreávamos uma bebida e fazíamos tempo para o jantar, pudemos desfrutar de uma vista soberba sobre o mar, e de um cheiro delicioso a pasta com alho e azeite a ser cozinhada …

Oia é de longe a localidade mais bonita da Ilha, não me canso de repetir. Como ambos estávamos de acordo também nesse ponto, e como no domingo o estado do tempo não nos permitiu ir visitar o vulcão, decidimos então ir novamente a Oia para conhecermos a vila um pouco mais em detalhe. Dessa segunda vez, por ser mais cedo e não obstante o estado do tempo, deu para percorrer com algum vagar as ruas estreitas do castelo, com as suas pequenas lojas de comércio tradicional e de artesanato.

Quando nos preparámos para ir para o aeroporto começou a chover imenso e um manto espesso de nevoeiro caiu sobre a ilha, de tal forma que não viamos mais de 5 m de distância. A viagem de regresso até ao aeroporto foi uma aventura, … que aliás se prolongou depois no voo de regresso tal foi a turbulência que apanhámos, tendo as hospedeiras de bordo passado todo o voo sentadas com os cintos de segurança.

Mas o que são viagens sem aventuras deste tipo? O que é mais importante é que pesando todos os prós e contras, foi uma viagem que valeu mesmo a pena. E gostávamos de a repetir levando os nossos filhos, mas desta vez no Verão…

Antes de terminar, e para quem estiver a pensar em viajar até lá aqui ficam alguns conselhos:

1. Vá com bom tempo (por exemplo a partir de fins de Maio). Com chuva ou com o tempo encoberto (como apanhámos, sobretudo no último dia) não é possível ver na sua plenitude aquilo que dizem ser o azul único do mar de Santorini ou o fantástico pôr-do-sol em Oia. Além disso tínhamos planeado ir no domingo conhecer o vulcão, o que acabámos por cancelar devido á chuva.

2. As estradas e os caminhos (como é hábito) não são grande coisa. Por isso e caso tenha oportunidade faça como nós e alugue um jeep (bem na verdade não alugámos propriamente um jeep, alugámos um Suzuki Jimmy que era o que havia, e aqui entre nós, chamar um Jimmy de Jeep, é a mesma coisa que dizer que uma lagartixa é uma espécie de jacaré, mas mais pequenina …)

3. Procure ficar em Oia – que é claramente a parte mais bonita da ilha. Nós ficámos em Firostefani junto á capital, Fira, e esse foi certamente um dos aspectos que contribuiu para o tal desapontamento. Talvez não tenhamos tido oportunidade de conhecer mais em detalhe a localidade; no entanto o que vimos não deixou grandes saudades

4. Tenha em conta que os apartamentos localizados nas escarpas são muito bonitos, e nalguns casos permitem imagens de cortar a respiração …

… No entanto acredite também que subir e descer dezenas e dezenas de degraus várias vezes por dia acaba por deixar mazelas …

5. Julho e Agosto são claramente meses a evitar. Pelo que podemos ver, a ilha não parece ter condições e infra-estruturas para aguentar com qualidade a pressão turística desses meses. Para além disso os preços nessa época são absolutamente proibitivos.

Se tiver em conta estes conselhos, certamente irá gostar de Santorini. As pessoas são muito simpáticas (como são em geral em toda a Grécia), a paisagem é deslumbrante a gastronomia é fantástica, e o ambiente é único.

E como diz o meu amigo Ramon (também um pouco céptico em relação a esta Ilha), não se pode estar na Grécia sem se conhecer Santorini.

1 comentário:

  1. Ora aqui temos uma "referência incontornável" para os portugueses (ou melhor, vamos lá ser ambiciosos: para toda a lusofonia) que alguma vez pensem visitar Santorini. Abraço.

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