domingo, 29 de março de 2009
E VOCÊ ANUNCIAVA AOS NAZIS O DIA D?
por Ferreira Fernandes in Diário de Notícias, 22 Fevereiro 2009
O jornal inglês The Times, na quarta-feira, tinha uma manchete sobre a guerra nas fronteiras entre o Afeganistão e o Paquistão que era uma cacha: "Base Secreta para Predators." Seguiam-se duas páginas provando que o isolado aeroporto de Shamsi, no Paquistão, serve de base para os drones, aqueles aviões americanos sem piloto. De reconhecimento mas também lançando mísseis, os drones Predators têm feito razias entre os talibãs, seja em território afegão, seja nas províncias fronteiriças paquistanesas.
Tanto o ex-presidente Pervez Musharraf como o actual, Asif Ali Zardari, têm preferido que a aliança com os americanos não seja muito visível num país de 97% de muçulmanos e pasto do radicalismo religioso. Logo, o artigo do Times foi negado pelo ministro da Defesa paquistanês. Em artigo de opinião junto à reportagem, o jornal assinalava o "duplo jogo" de Zardari. Por um lado, pressionado pelas forças dos talibãs, o Presidente paquistanês aceita que nas províncias do Noroeste, no Vale de Swat, seja implantada a lei da sharia, a forma mais violenta de fascismo muçulmano (por exemplo, as raparigas são impedidas de frequentar a escola). Por outro, Zardari aceita que um aeroporto paquistanês seja usado pelos "drones" americanos para operações militares em território paquistanês.
Ora esta ambiguidade do Governo paquistanês verifica-se também no próprio The Times. Na capa e nas páginas 6 e 7 (e no dia seguinte volta à carga com mais provas), o jornal denuncia o uso do aeroporto de Shamsi pelos drones. E, na página 2, em editorial, o jornal louva o pragmatismo do Presidente Zardari por deixar os americanos utilizar os drones no seu território. Estes ataques, diz jornal, "têm atacado casas onde os líderes da Al-Qaeda se encontram, têm morto vários comandantes e fazem pressão para que eles abandonem as zonas tribais que os protegem." O editorial acaba assim: "O extremismo deve ser derrotado, pelos drones, pelo Exército [paquistanês] e pela lei."
O jornal, no editorial, escolhe um lado - legítimo, porque contra o terrorismo (contra o qual, aliás, jovens ingleses combatem na região). Mas, mais do que o editorial, será a reportagem, também do Times, que será lida no Paquistão. E essa não ajudará o combate dos drones contra o terrorismo. Os radicais islâmicos servir-se--ão da reportagem para fragilizar quem no Paquistão combate os terroristas.
Dir-se-á: mas o sacrossanto direito à informação, um dos pilares da democracia, foi cumprido. E, sobre isso, eu pergunto: um repórter que vai numa acção militar secreta e perigosa, se a sabe de antemão, anuncia-a para quem a possa atacar? Pois é, quem tem cu sabe as limitações dos sacrossantos direitos
quinta-feira, 26 de março de 2009
Esta notícia esteve em destaque na versão online do Diário Económico durante quase todo o dia de hoje (á hora em que escrevo já foi finalmente retirada), com direito a fotografia do jogador e tudo, mas … será que ainda ninguém se deu ao trabalho de explicar lá na redacção do DE que as notícias do Inimigo Público são só a fingir …?
Inimigo Público: Passe de Miguel Veloso considerado “activo tóxico” pelo BES
Na edição de hoje, o Inimigo Público diz que segundo o Semanário Económico e a mulher do Anderson Polga, o Sporting tem os passes de todos os jogadores entregues ao BES, que os poderá penhorar se o Sporting não pagar a sua dívida.O suplemento do jornal "Público" diz ainda que "o passe de jogadores conflituosos e insubordinados como Miguel Veloso e Vukcevic não podem ser detidos pelo BES, porque são mais tóxicos que a água da rede pública em Chernobyl e podem impedir o eventual acesso do BES ao aval do Estado".Segundo o jornal, "o passe de Veloso pertencia a Bernard Madoff, que, durante anos, convenceu todos os incautos que o jogador valia tanto como um Lampard, quando na realidade vale tanto como um Laborinho Lúcio para o PS".
Regra geral sou bastante crítico sobre a qualidade (ou falta dela) da novel vaga de jornalistas portugueses. Acho que basicamente são ignorantes, não tem espírito crítico, nem capacidade de análise nem de investigação, são sensacionalistas e servem apenas para transmitir recados (embora reconheça igualmente que possa haver excepções).
No entanto também por vezes dou por mim a pensar se não estarei a exagerar nas minhas apreciações, se não estarei a ser injusto na generalização... Mas então surgem situações como esta que mostram á evidência que a minha apreciação quanto muito apenas peca por defeito ...
quarta-feira, 25 de março de 2009
Por isso, e parafraseando o Rei Juan Carlos de Espanha, apenas resta dizer a esta criatura: "¿Por qué no te callas?
Le Pen reafirma que Holocausto Nazi é um "detalhe"
Jean-Marie Le Pen, líder da extrema-direita francesa disse, esta quarta-feira, no Parlamento Europeu, que o Holocausto Nazi é um "detalhe" da II Guerra Mundial.
Segundo noticia a AFP, o líder da extrema-direita considerou "que as câmaras de gás foram um detalhe da história da II Guerra Mundial".
As declarações surgem depois de socialistas e Verdes decidirem tornar público que querem alterar o regulamento interno, de forma a impedir que Le Pen presida à próxima sessão inaugural do parlamento europeu, em virtude de ser o mais velho parlamentar em funções.
No entanto, Le Pen comentou ainda que está a ser vítima de "acusações difamatórias" feitas por Martin Schulz, presidente dos socialistas europeus, que o apelidou de ser um "velho fascista" e "negacionista do Holocausto".
Recorde-se que não é a primeira vez que Le Pen coloca em causa o Holocausto Nazi. O líder da Frente Nacional já foi condenado pela lei francesa ao pagamento de uma multa de 183 mil euros.
For at least a generation, Greece has operated as if the laws of economics do not apply – not the criminally complicated, mad laws, which turned out not to apply anywhere across the global economy, but the simple, good housekeeping rules, such as living within your budget. Greeks, as individuals, were not the biggest borrowers, having got into the game late and only after entry into the eurozone made loans affordable. The problem was elsewhere: in a naive, stupid or convenient inability to understand that when we demanded things of the state someone would have to pay – and that that someone would, someday, turn out to be us. This ignorance was evident in polls, where we would see society overwhelmingly in favor of the demands and protests of specific groups (whether farmers or civil servants), when they confronted the state. Deficits went wild as governments caved in to everyone’s demands. The government’s decision to levy a one-off tax on high earners and to freeze civil servants’ salaries if these are over 1,700 euros per month, is the first sign that reality is catching up with us. Society will now feel the pain caused by our overspending as a nation. And yet the total amount expected to enter state coffers is a little less than 500 million euros – less than the amount promised to farmers a few weeks ago to get them off the roads and allow the country to function again. Perhaps the next time a group goes on the warpath, the rest of society will consider what it will cost each citizen to placate them. In that case, the government will have to weigh the cost of angering the rest of society and not just look for ways to appease the protesters so as to buy their votes. However, even as society begins to realize that for every action there is an equal and opposite reaction, various groups are still behaving as if their acts can be tolerated forever, no matter how much damage they may cause the rest of society or the economy. Banks are still depriving small and medium-sized businesses of loans, despite a 28-billion-euro rescue package; hooded youths still rampage through Athens’s center in narcissistic hysteria; Culture Ministry employees repeatedly block visitors from the Acropolis and other sites and museums. Everyone acts as if the damage they cause is not their concern: Someone else will foot the bill. Banks are banks: They will try to get away with anything that furthers their own interests. Anarchists’ raison d’etre is mayhem. But how can Culture Ministry employees and their bosses – the politicians who work out their pay and work regime – believe that their interests are served by damaging the country’s tourism industry? Whether the employees are right or not and never mind the fact that solving their problem will cost a mere 10 million euros or so, the standoff with the government is likely to cost Greece a lot more. If we consider that tourism, which brought 11.3 billion euros into the country in 2007, could drop by between 10 and 30 percent this year because of the global economic crisis, we can make a safe bet that the danger of finding important sites closed will push many people to visit other countries instead. A 10-million-euro dispute could thereby turn into a billion-euro loss. Perhaps the only way that protesters, the government and society as a whole can find a healthy balance is if we stop believing that our demands will by taken care of by divine providence – i.e. the state or the EU or both. If every demand were met by an additional tax levied on the rest of us, maybe the government, the political parties and the population would be moderate in our demands and thrifty in our spending so that we could emerge from the crisis stronger than we entered it.
terça-feira, 24 de março de 2009
Os dirigentes do Sporting resolveram adoptar uma estratégia choramingas de vitimização, como forma de fazer esquecer mais uma época perdida (é já evidente para todos que dada a tendência natural que o Sporting tem para “morrer na praia”, nem o segundo lugar no campeonato vai conseguir).
Mas começa já a ser demais que a estratégia passe por fulanizar em Lucílio Baptista todas a frustrações da época. Sejamos claros: enquanto benfiquista, não tenho simpatia nenhuma por Lucílio Baptista que já por várias vezes prejudicou o Benfica. No entanto reconheço-lhe a coragem e a frontalidade de vir a público assumir o seu erro. Pode-se dizer que não serve para nada. Talvez não. Mas num país em que a culpa morre sempre solteira, e em que sempre que são beneficiados pelos árbitros (por acção ou omissão), os treinadores, os jogadores e os dirigentes dos vários clubes (e nisso o Sporting bate todos) vem sempre dizer que nunca viram nada, que estavam a olhar para o lado, etc, haver alguém que assume publicamente o seu erro já é bastante.
Vir como agora vem Soares Franco, dizer que espera que Lucílio Baptista acabe a sua carreira por causa disso, só não é mais ridículo, porque é lamentável. Vir, como agora vem o Sporting dizer que perdeu a Taça por causa do penalty revela bem a fragilidade em que se encontram os dirigentes e técnicos responsáveis do clube face aos seus adeptos. É preciso colocar as coisas na sua devida proporção e assumir que não foi por isso que o SCP perdeu a Taça. O Sporting perdeu porque falhou 3 dos 5 penalties. O Sporting perdeu, porque a sua equipa mais uma vez falhou num momento decisivo. O Sporting perdeu porque não foi capaz de vencer. Isso é que o fez sair derrotado da competição. Mais nada.
É natural que os dirigentes do Sporting queiram agora arranjar um bode expiatório para fazer esquecer a vergonhosa prestação da equipa nos oitavos-de-final da Champions (vergonhosa para o Clube e para o país). Mas daí a querer desviar as atenções para o elo mais fraco da cadeia é demais. E isto mostra bem o tipo de dirigentes que o Sporting tem actualmente. Vir dizer, como veio Paulo Bento logo no Sábado, e ontem novamente Soares Franco “pelo menos deixem-nos ficar no segundo lugar” revela uma inadmissível pressão sobre a arbitragem até ao final do campeonato, e mostra bem quais são na realidade as verdadeiras intenções por detrás deste circo que se instalou na praça pública.
É por essas e por outras que não obstante aquilo que se pense sobre ele, Jorge Nuno Pinto da Costa é um adversário de respeito, e é por isso que qualquer adepto de futebol gostaria de o ver na Presidência do seu clube. Diga-se o que se disser do homem, nunca se verá, pelo menos enquanto ele estiver na Presidência do clube, o Porto vir chorar para a praça pública. O Porto luta até ao fim.
É essa a diferença entre os clubes que são grandes, e aqueles que acham que o são.
PS: Em tempo:
Notícia publicada hoje na edição electrónica do”Público”:
“Árbitro da final da Taça da Liga desmarca entrevista na televisão
Lucílio Baptista não esteve na TVI24 para a entrevista que estava programada para as 22 horas de terça-feira devido a ter recebido no seu local de trabalho ameaças à sua integridade física. O juiz setubalense justificou a ausência na televisão considerando não ter condições para continuar a expor-se publicamente.”
Na sequência dessa notícia foram imediatamente colocados no site do jornal algumas dezenas de comentários como habitualmente altamente inflamados e cheios de ódio, de adeptos do SCP, FCP e SLB, todos engalfinhados uns com os outros.
Os dois comentários mais inteligentes que apareceram foram, na minha opinião os seguintes:
Anónimo:
"Por aqui se vê o nível do povo português. O país de tanga, e estes gajos preocupados com a porcaria de um jogo de futebol. Temos aquilo que merecemos, com esta gente seremos SEMPRE os últimos da Europa."
Maria Sampaio, Cascais
"O Mundo á beira do colapso, pessoas com fome, milhões de pessoas em risco de perder a sua sobrevivência e neste País de "anões" discute-se o quê? Apenas e somente futebol. Já enjoa tanto fanatismo. O árbitro errou, só quem não faz nada não erra, teve a coragem de o admitir e agora é ameaçado. Neste País de cobardes mais valia ficar calado. "
Acho que ambos estão absolutamente certos. Por isso hoje foi a última vez que escrevi sobre os acontecimentos de Sábado.
segunda-feira, 23 de março de 2009
No princípio de Abril eu e a Mafalda fazemos anos de casados. Por isso resolvi fazer-lhe uma surpresa e vamos passar um fim-de-semana diferente. Sem crianças, sem preocupações, apenas para aproveitar o mais que pudermos daquele que dizem ser um dos locais mais bonitos de toda a Grécia: A Ilha de Santorini.
Esperemos que o tempo esteja de acordo com tão nobres intenções ...
domingo, 22 de março de 2009
... Pelo menos o montante do segundo credito á habitação foi bem investido ...
sábado, 21 de março de 2009
O Benfica acabou de ganhar a Taça Carlsberg (seja lá o que isso fôr ...). Principais conclusões:
O Quique Flores lá se safou á rasquinha de ser chutado fora já esta semana...
O Derlei devia ter sido expulso várias vezes durante o jogo. Pelos vistos os genes do FC Porto ainda lhe estão bem agarrados á pele ... Só foi pena não ter jogado nada durante o período em que esteve no Benfica (facto aliás de que qualquer benfiquista que se preze, se envergonha de cada vez que se lembra ...)
O Pedro Silva devia levar uma suspensão exemplar por ter agredido o árbitro. Para além dessa suspensão, o comportamento que teve na altura da entrega das medalhas devia dar-lhe direito a mais outra punição.
Independentemente do que achem, a atitude dos jogadores do Sporting - e do Paulo Bento - durante a entrega das medalhas, foi de uma profunda incorrecção e falta de respeito quer com quem lhes estava a entregar as medalhas, quer com o público, quer com a própria competição. Se não gostam, o melhor é para o ano ficarem a vê-la pela TV. Ainda bem que foi tudo filmado e transmitido em directo para depois não virem dizer que é invenção...
Em vez de se lamentarem sobre o penalty que terá ou não existido, o sportinguistas deviam era questionar-se sobre como é possível em 5 tentativas, falharem a marcação de 3 penalties ... Isso é que os fez perder a final. E não a equipa de arbitragem.
Enorme exibição de Quim. Entre ele e Moreira é difícil decidir, mas pessoalmente acho-o mais maduro para a baliza do clube. A atitude de Quique para com ele num momento menos bom, é bem reveladora o tipo de lider que Flores é.
Esperemos que este tenha sido o primeiro de vários títulos que o Benfica ganhe este ano.
quarta-feira, 18 de março de 2009
Aqui fica um artigo publicado na edição electrónica em lingua inglesa do diário "Kathimerini" sobre a situação de insegurança que se vive actualmente.
segunda-feira, 16 de março de 2009
Este foi sem dúvida um dos filmes mais tocantes que vi nos últimos anos sobre o tema do Holocausto.
Baseado num conto de 2006 do escritor irlandês John Boyne, “The Boy in the Striped Pyjamas” (2008) é uma co-produção Britânico-Americana realizada por Mark Herman que aborda o Holocausto sob o ponto de vista de uma criança alemã de 8 anos que devido ao trabalho do seu pai, militar, vai viver para o campo para perto de uma “quinta”, que na realidade é o campo de extermínio de Auschwitz.
É um filme profundamente comovente e triste que nos faz observar todo o drama que atravessa a narrativa, sob o olhar ingénuo de uma criança. Para quem como eu, tem filhos da idade dos protagonistas o filme torna-se duplamente triste, quando pensamos no que sofreram as crianças desse tempo, mas também no que tantas continuam a sofrer ainda hoje, e por vezes aqui tão perto, muitas das vezes apenas por questões de raça, credo ou etnia.
Trata-se de um filme que, não obstante a sua crueza se recomenda também a que quem tenha filhos adolescentes o veja e o discuta com eles, para os ajudar a compreender a irracionalidade e o horror a que todos os fanatismos fatalmente conduzem.
Um filme que é um murro no estômago. Obrigatório.
sábado, 14 de março de 2009
Ainda a propósito de animais, eu sei que esta já é velha... no entanto acho-a fantástica.
É alias por estas e por outras que eu prefiro os cães...
Como dar um comprimido a um gato:
1. Pegue no gatinho e aninhe-o no seu braço esquerdo como se segurasse um bebé. Coloque o indicador e o polegar da mão direita nos dois lados da boquinha do bichano e aplique uma suave pressão nas bochechas enquanto segura o comprimido na palma da mão. Quando o amorzinho abrir a boca atire o comprimido lá para dentro. Deixe-o fechar a boquita e engolir.
2. Recupere o comprimido do chão e o gato de detrás do sofá. Aninhe o gato no braço esquerdo e repita o processo.
3. Vá buscar o gato ao quarto e deite fora o comprimido meio desfeito.
4. Retire um novo comprimido da embalagem, aninhe o gato no seu braço enquanto lhe segura firmemente as patas traseiras com a mão esquerda. Obrigue o gato a abrir as mandíbulas e empurre o comprimido com o indicador direito até ao fundo da boca. Mantenha a boca do gato fechada enquanto conta até dez.
5. Recupere o comprimido de dentro do aquário e o gato de cima do guarda-fatos. Chame a sua esposa do jardim.
6. Ajoelhe-se no chão com o gato firmemente preso entre os joelhos, segure as patas da frente e de trás. Ignore os rosnados baixos emitidos pelo gato. Peça à sua esposa que segure firmemente a cabeça do gato com uma mão enquanto força a ponta de uma régua para dentro da boca do gato com a outra. Deixe cair o comprimindo ao longo da régua e esfregue vigorosamente o pescoço do gato.
7. Vá buscar o gato ao suporte do cortinado e retire outro comprimido da embalagem. Tome nota para comprar outra régua e reparar as cortinas. Cuidadosamente varra os cacos das estatuetas e dos vasos do meio da terra e guarde-os para colar mais tarde.
8. Enrole o gato numa toalha grande e peça à sua esposa para se deitar por cima de forma a que apenas a cabeça do gato apareça por debaixo do sovaco. Coloque o comprimido na ponta de uma palhinha de beber, obrigue o gato a abrir a boca e mantenha-a aberta com um lápis. Assopre o comprimido da palhinha para dentro da boca do gato.
9. Leia a literatura inclusa na embalagem para verificar se o comprimido faz mal a humanos, beba uma cerveja para retirar o gosto da boca. Faça um curativo no antebraço da sua esposa e remova as manchas de sangue da carpete com o auxilio de água fria e sabão.
10. Retire o gato do barracão do vizinho. Vá buscar outro comprimido. Abra outra cerveja. Coloque o gato dentro do armário e feche a porta até ao pescoço de forma a que apenas a cabeça fique de fora. Force a abertura da boca do gato com uma colher de sobremesa. Utilize um elástico como fisga para atirar o comprimido pela garganta do gato abaixo.
11. Vá buscar uma chave de fendas à garagem e coloque a porta do armário de novo nos eixos. Beba a cerveja. Vá buscar uma garrafa de whisky.Encha um copo e beba. Aplique uma compressa fria na bochecha e verifique a data de quando apanhou a última vacina contra o tétano. Aplique compressas de whisky na bochecha para desinfectar.Beba mais um copo. Atire a T-Shirt fora e vá buscar uma nova ao quarto.
12. Telefone aos bombeiros para virem retirar o cabrão do gato de cima da árvore do outro lado da rua. Peça desculpa ao vizinho que se estampou contra a vedação enquanto tentava desviar-se do gato em fuga. Retire o último comprimido de dentro da embalagem.
13. Amarre as patas da frente às patas de trás do filho da puta do gato, com a mangueira do jardim e de seguida prenda firmemente à perna da mesa da sala de jantar. Vá buscar as luvas de couro para trabalhos à garagem. Empurre o comprimido para dentro da boca da besta seguido de um grande pedaço de carne. Seja suficientemente bruto, segure a cabeça do corno na vertical e despeje-lhe um litro de água pela goela abaixo para que o comprimido desça.
14. Beba o restante whisky. Peça à sua esposa que o conduza às emergências e sente-se muito quieto enquanto o médico lhe cose os dedos, o antebraço e lhe remove os restos do comprimido de dentro do seu olho direito. A caminho de casa contacte a loja das mobílias para encomendar uma nova mesa de jantar.
15. Trate de tudo para que a protectora dos animais venha buscar o cabrão do gato mutante fugido do inferno. Telefone para a loja dos animais e pergunte se têm tartaruguinhas.
quarta-feira, 11 de março de 2009
Desta vez o fórum escolhido foi o “Prós e Contras”, moderado (moderado é uma forma de expressão) por Fátima Campos Ferreira, essa personagem única do panorama televisivo actual, que consegue aliar o pretensiosismo e a falta de isenção de Mário Crespo (esse outro ícone da “excelência” televisiva), com o estilo artificial, bacoco e feirante de Artur Albarran…
Mas voltando ao tema, na minha opinião, o que faz o momento que estamos a viver parecer ainda pior do que possivelmente já é, assenta no facto de estarmos apenas e sistematicamente a falar da crise, das causas da crise, do que vamos sofrer com as consequências da crise, agora e no futuro, e todos os palpites e exercícios de futurologia que actualmente qualquer um dá sobre o tema, e que em nada contribui (antes pelo contrário) para que se vença este desafio.
Tenho para mim que muitas das vezes a dimensão que as situações tomam é aquela que lhes damos e não aquela que elas realmente têm. Isto aplica-se a (quase) tudo na nossa vida, e a actual situação não é diferente. É evidente que com isto não pretendo colocar em causa a importância e a seriedade dos desafios que o mundo atravessa neste momento. No entanto, se ouvirmos o que se diz e escreve por ai todos os dias, a sensação que fica é a de que neste momento estamos praticamente á beira do colapso final económico, financeiro, moral, social, etc. Basta abrirmos um jornal, uma estação de rádio ou tv, ou um site da Internet para sermos imediatamente bombardeados com previsões catastróficas que qualquer personagem, que pretenda ter alguns segundo de fama, produz sob a forma de soundbites imediatamente ampliados pela comunicação social.
Isto leva-nos, em primeiro lugar, a questionar qual deverá ser o papel da Comunicação Social nos momentos de crise: Se o de bombeiro, se o de pirómano. Pessoalmente não tenho dúvidas de que a maioria dos media assumiu a segunda opção, e dai a forma irresponsável e pouco informada como uma boa parte dos órgãos de informação tem abordado estas questões, o que tem contribuído fortemente para a geração de um sentimento de depressão social que paulatinamente se tem vindo a instalar na sociedade. (Não é por acaso que o “Velho do Restelo” surge na literatura portuguesa como uma personagem incontornável… )
Não defendo que o caminho a seguir seja o de fazer como a avestruz, e metendo a cabeça na areia esperar que a tempestade passe. Mas também não me parece que seja a melhor terapia estar sistematicamente a gritar que o fim está próximo. Porque não está.
O que se passa é que crises económicas sempre existirão (com maior ou menor impacto), e serão seguidas por períodos de prosperidade e expansão, que serão seguidos por períodos de recessão, que serão seguidos novamente por períodos de crescimento… é a lógica dos ciclos económicos, e não é de agora, é de sempre. E contra isto só há uma forma de actuar: é aproveitando as oportunidades que as crises trazem, e transformá-las em vantagens.
Como bem escreve Vítor da Conceição Gonçalves, no artigo “Viva a Crise”, publicado na edição online do “Diário Económico” de 11 de Março:
“(…) Na " economia da depressão, " conviver com a crise é uma atitude passiva e como tal inadequada. O desafio é viver a crise. Isto é, diagnosticar e antecipar as principais ameaças e oportunidades. Sistematizar e implementar as medidas defensivas que permitam a sobrevivência num ambiente económico incerto. E sistematizar e implementar actuações de natureza ofensiva que permitam a construção de vantagens a realizar no pós-crise. (…).”
Nessa medida o “Prós e Contras” de segunda feira, muito graças aos seus intervenientes (e não obstante o esforço de FCF em tentar arrastar o debate para o lado piegas e popularucho da questão), representou uma lufada de ar fresco no panorama pró-depressivo que se instalou na generalidade da comunicação, ao convidar pessoas que procuraram de uma forma ou de outra transmitir a mensagem de que a solução terá de partir em boa parte de todos nós, e não dos outros
Já é tempo de cada um pensar naquilo que pode fazer para vencer este momento. Já é tempo de olharmos para o futuro e termos presente que os tempos de crise são igualmente tempos de oportunidade. É isto não é apenas um chavão. De facto é nestes momentos em que todos temem erguer a cabeça com receio do que ai possa vir, que quem levantar os olhos verá as oportunidades que os outros não conseguem ver.
Como dizia a canção, esta é a vantagem da ambição: podemos não chegar á lua, mas tiramos os pés do chão.
sexta-feira, 6 de março de 2009
Em tempos de tanta incerteza, este relato de esperança faz-nos repensar sobre o que é realmente importante nas nossas vidas.
Mas mostra também a responsabilidade que devem ter as figuras que se tornam públicas, nos seus comportamentos e atitudes.
Esperemos que Cristiano Ronaldo esteja á altura de Rohan Vyas.
http://downloads.sol.pt/pdf/tabu.pdf
quinta-feira, 5 de março de 2009
É por estas e por outras é que é sempre comovente e tocante ver tantos apelos á moderação salarial, ao congelamento de salários, aos despedimentos, ás rescisões por mutuo acordo, etc, etc, etc …
quarta-feira, 4 de março de 2009
Messy fun on Clean Monday in Galaxidi
A couple celebrate Clean Monday yesterday by participating in a colorful flour war in the seaside town of Galaxidi, central Greece. The tradition of throwing flour at each other, colored or plain, marks the end of the Carnival season. In other parts of the country people enjoyed the clement weather with less messy pursuits, such as flying kites, attending village parties.
(in Kathimerni.gr)
Sinto-me agora mais reconfortado por ver que existem pelo menos duas pessoas neste país que encaram o Carnaval (e outras manifestações de “modernismo”) da mesma forma (mas no meu caso, sem o brilhantismo e a ironia da escrita de MST).
Durante uma boa hora, pelo menos, viveram-se momentos de grande frisson e entusiasmo nas redacções do país: uma notícia de contornos pouco claros (deliberadamente, como se perceberia depois), dava conta de que uma paródia com o Magalhães no Carnaval de Torres Vedras tinha sido proibida. Logo uma legião de mártires pelo jornalismo, desde veteranos sem causas a jovens sem qualquer formação profissional, viu ali uma oportunidade de ouro para sair a espadeirar contra mais uma demonstração do arbítrio e prepotência do Governo. O Governo atrevia-se a proibir piadas de Carnaval ao seu Magalhães - que luxo para o 'jornalismo de combate', que fantástico pretexto para defender a liberdade de opinião ameaçada! E logo com o Magalhães, que, não sei porquê, desde que apareceu é o mal-amado dos bem-pensantes - apesar de ser dos raríssimos casos de um produto tecnológico de valor acrescentado em Portugal, de constituir uma potencial fonte de receitas externas para o país e apesar, sobretudo, de significar a possibilidade de centenas de milhares de jovens alunos saltarem directamente e quase sem custos para a era informática. Vinha mesmo a calhar a censura do Governo às piadas sobre o Magalhães! Afinal, descobriu-se rapidamente, e desfeito o nevoeiro inicial artificialmente criado para atrair as atenções da imprensa, não era nada disso o que tinha sucedido. Uma vulgar cidadã de Torres Vedras, no uso de um vulgar direito de cidadania, queixara-se ao Ministério Público da comarca que as imagens projectadas no ecrã do Magalhães que iria desfilar no corso da terra tinham, em sua opinião, conteúdo pornográfico. E a delegada do Ministério Público, bem ou mal (desconheço as imagens), deu-lhe razão e mandou retirá-las. Logo depois, e ainda a tempo de aparecer nos telejornais da noite, o presidente da Câmara de Torres Vedras desdobrava-se em entrevistas para as televisões, denunciando a censura, o direito violado ao humor, o atentado à liberdade de imprensa e ao prazer dos cidadãos. O homem conquistara os seus quinze minutos de fama e o Carnaval de Torres uma excelente e grátis promoção em horário nobre. "Chico esperto!", pensei para comigo. No dia seguinte, à beira da crucificação pública, a delegada do MP revia a sua decisão e o Carnaval de Torres ficava novamente livre do espectro da 'censura'. Mas o mal - ou melhor, o bem - já estava feito e nos dias subsequentes a imprensa haveria de debitar páginas de inflamada e cívica prosa denunciando as sempre latentes ameaças à liberdade. E o 'povo' de Torres - cuja média de idades me pareceu rondar os 65 anos - não parou de desfilar e debitar o seu veredicto aos microfones das rádios e televisões: "para mim, aquilo não é pornografia". Fiquei aliviado com tanta modernidade e tanta militância pela liberdade. E só não fiquei verdadeiramente entusiasmado porque, no meio das imagens televisivas exibidas, descobri que no Carnaval de Torres - essa genuína manifestação de humor, modernidade e liberdade - iria desfilar também um falo gigante apontado ao céu em estado de alerta sexual e um boneco enorme do Cristiano Ronaldo com um testículo de fora. E, salvo melhor e mais moderna opinião do que a minha, isto não tem nada que ver com humor ou liberdade, mas apenas com boçalidade e mau gosto - e sobre isso não li uma só linha em toda a imprensa. Convém dizer, aliás, que o Carnaval à portuguesa, inspirado nos corsos brasileiros, está para o Carnaval brasileiro como a água-pé está para a caipirinha. É, seguramente, dos momentos em que mais apetece fugir daqui, de tal maneira a exibição do humor luso se torna ridícula, patética e deprimente. O Carnaval brasileiro, no Rio e não só, é um espectáculo cénico e visual exuberante, preparado durante um ano inteiro, reunindo as melhores escolas de samba, os melhores músicos, os melhores letristas e compositores, unidos num tema que tem sempre que ver com a história do Brasil ou com a História Universal (este ano, por exemplo, uma das escolas do Rio assinalava os 200 anos do nascimento de Darwin). Goste-se ou não, o Carnaval brasileiro é hoje reconhecido como uma manifestação cultural de massas única no mundo. O nosso, espalhado por várias terras de 'tradições carnavalescas', não tem nada que ver com isso: é um corso trapalhão e pindérico, 'abrilhantado' por tristes vedetas, histéricas de alegria contratual, e onde os temas são invariavelmente os mesmos: a piada política demagógica e a ordinarice rasca. Parece que isto traz muitos turistas às terras e anima o comércio local: ainda bem. Desejo-lhes longa vida, mas não me obriguem a confundir isto com humor ou liberdade criativa.